e agora?

incorrigível lembrança trágida
malfadada da mulher plástica
tão linda, cruel e mágica
que loucura de uma mulher louca
louca como a roupa suícida
que despenca o penhasco da costa
que loucura de dedos tortos
envergonhados de apertar
a carne, os ossos, as línguas
vá, respeite sua loucura louca
que te impede de vir à mim
não, na verdade não respeite
venha a mim, nua, crua e louca
ouça um segundo a sinceridade
negue um segundo o seu pecado
cruel e sem rima, e se não há rima
e se ninguém entende sem rima
não rima, so me mima, trama
trama tudo, como eu tramo
tramo a trama de nós dois
só nós dois sozinhos no quarto
será que cabera todas as loucuras ali
senão em todos os outros cômodos
ou em todas os outros apartamentos
ou nessa cidade que não viu tão loucos
que nunca ninguém viu tão louca
não cabe a loucura mas cabe o cabível
o cabide, o pedestal e o combustível
tudo isso no quarto escuro
no quarto claro ou escuro da lâmpada quebrada
incoerentemente o seu ódio
o seu ódio insensato
e agora drummond?