da PESQUISA das LEMBRANÇAS MATERIAIS

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

num dia de quinta feira

me perdi forjando uma história para poder lhe contar

como se agora precisasse de qualquer que fosse o método

como inventar algo sobre a noite ou a lua clara

sobre as acrobatas que patinavam sobre o calçadão

ou sobre o vento costeiro que pairava cuidadoso

ou sobre a areia rala a qual dançávamos exaustivamente

a austeridade do clímax daquela noite ia ser lembrada

enfim, inventada, não sei. Iam chover as comparações

talvez com o mar, a areia, aquela silhueta toda

os coqueiros, a fogueira que iluminava os casais

iam voar os devaneios, flanando entre esses corpos

até me (des)encontrar com palavras loucas e lindas

para tentar contar rapidamente daquela quinta feira

duma quinta feira cotidiana como outro dia qualquer

as pessoas caminhando, pedalando e se contorcendo

os olhares cuidadosos para não se chocarem a mil

azuis, floridos, avoados, acrobáticos, sensatos, lindos

mesmo no ronco da cidade as pessoas assim ardendo

ardendo sem rumo, ardendo por arder, soltos, sem rumo

para não se chocarem, para não se solidificarem enfim

centenas correndo, olhando, chorando endorfina, suando

num dia típico qualquer, desviando de olhares quaisquer

num segundo preciso, traduz-se tudo naquelas palavras loucas

elas vêm para que nos acalmemos, elas vêm assim sem rumo

elas que querem ser descobertas, querem ser o próprio mistério

mistério a ser descoberto como história forjada e só

mas hoje, como é quinta feira, a história se dissolve

se dissolve em dia verdadeiro, em olhares verdadeiros

nos olhares certeiros que por um segundo montam e se desmontam

nos montam em necessidade de desvendar a tudo e a ser desvendado

e nos desmontam na vontade mórbida de sinceridade

da sinceridade do que foi aquele olhar num dia qualquer

só você pra me dizer o que é e quem deveremos ser hoje

para enfim, lembrar que hoje, é uma quinta feira imprevisível

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