da PESQUISA das LEMBRANÇAS MATERIAIS

segunda-feira, 2 de julho de 2012

lembrança material 3


ao que te lavro, palavra, multi som a mil
sente, sendo, mulher das minhas palavras
varonil, que te beijas incisivo pois é sazão
eriçar-se a pele em riste diante ânsia triste

te traço a olho nu, fácil, com o olhar não deixo rastro
cravo ali tuas linhas, tua profundidade de todas tão serena
tuas sombras em mim, teu flerte mouco despertam, assim
isso. e tudo assim, me trava, travam todos os sentidos

teu semblante maquiado, adultera até seu cheiro
mas este está prestes a contagiar tudo e a mim
vem! vem! vem sem culpa, vem sem calma e vem!
maltrato de um homem, que cheira vendado, e só

e da tua pele toda, serve-se meu tato. e cada centímetro
exploro surdo, cego e mudo. você. não sei ser a seda, o poro
os pelos, as pintas. sei de negras luzes na escuridão, sei de você
de pernas, coxas e seios, movo-me. em cada lentigem, atrevo-me

sorvo sem medo todo o seu sal, enquanto jaz seminua
e quando desaparece tudo, sou todo, és minha. infinda
mulher que se derramas à boca e estas a afoga-la consigo mesma.
é o rastro maldoso que me apresentas, é o gosto em que me perco

e aqui te faço mulher. te faço em meu mundo, recluso
com meu beijo e com teu som te acho na escuridão
te miro neste espelho e só não te vejo, mas cheiro, eu sei
te provo, e rogo por mais. e só.

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